sábado, 7 de septiembre de 2024

De la mano


 

No seré el poeta de un mundo caduco.

No cantaré tampoco el mundo futuro.

Estoy atado a la vida y miro a mis compañeros.

Están taciturnos mas nutren grandes esperanzas.

Entre ellos, considero la enorme realidad.

El presente es tan grande, no nos separemos.

No nos separemos mucho, vayamos de la mano.

 

No seré el cantor de una mujer, de una historia,

no diré los suspiros al anochecer, el paisaje visto por la ventana,

no distribuiré estupefacientes o cartas de suicida,

no huiré hacia las islas ni seré raptado por serafines.

El tiempo es mi materia, el tiempo presente, los hombres presentes, la vida presente.

 

 

Mãos dadas

 

Não serei o poeta de um mundo caduco.

Também não cantarei o mundo futuro.

Estou preso à vida e olho meus companheiros.

Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.

Entre eles, considero a enorme realidade.

O presente é tão grande, não nos afastemos.

Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

 

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,

não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,

não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,

não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.

O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,

a vida presente.

 

 

Carlos Drummond de Andrade. Sentimento do mundo. Pongetti, 1940. Traducción: Conrado Santamaría

Imagen: Franz Wilhelm Seiwert. Selbstbildnis, 1928.

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