Cuando el cálculo ha muerto
tras una vida en nada,
y la geometría del amor,
triste conciencia,
se hizo rota veranda donde
asoma
el pánico su rostro
extraviado
-a lo lejos, un páramo en
ceniza,
derribadas estrellas,
derrelictos,
duras migas de pan como
palabras
olvidadas del tiempo, ya sin
uso,
que no llevan a casa-, ¿qué
nos queda,
mi amor, salvo este adobe
en ruinas, que ahora toco y
se deshace
crujiendo entre mis manos,
aventando
la pureza de tantas lluvias
idas,
de tantos soles nuestros?
¿Qué nos queda
salvo esta tarde
penúltima de invierno ya sin
nieve
y sin fábula?
Alárgame tu mano,
compañera,
y, en silencio y sin queja,
acaricia esta arena con tu
arena,
tu agua con mi agua,
hasta formar de nuevo con
barro otra esperanza,
antes que el vendaval del
olvido nos disperse.
COM
BARRO OUTRA ESPERANÇA
Quando o cálculo morreu
após uma vida de nada,
e a geometria do amor,
triste consciência,
fez-se rota varanda onde
assoma
o pânico o seu rosto
extraviado
– ao longe, um páramo em cinza,
derrubadas estrelas,
destroços,
duras migas de pão como
palavras
esquecidas do tempo, já sem
uso,
que não levam a casa – que
nos resta,
meu amor, a não ser este
adobe
em ruinas, que agora toco e
se desfaz
estaladiço entre as minhas
mãos, aventando
a pureza de tantas chuvas
idas,
de tantos sóis nossos? Que
nos resta
a não ser esta tarde
penúltima de inverno já sem
neve
e sem fábula?
Larga-me da mão,
companheira,
e, em silêncio e sem queixa,
acaricia esta areia com a
tua areia,
a tua água com a minha água,
até formar de novo com barro
outra esperança,
antes que o vendaval do
esquecimento nos disperse.
Conrado Santamaría Bastida. La
noche ardida, 2017. En Y no cejar / E nâo recuar. Antología
(2011-2021). Traducción Carlos d`Abreu. Caraba Ibérica, 2022.
Imagen: Ana Mendieta. Sin título, Serie Silueta, 1977.