jueves, 16 de enero de 2025

Poema de la Necesidad


 

Es preciso casar a Juan,

es preciso aguantar a Antonio,

es preciso odiar a Melquíades,

es preciso sustituirnos a todos.

 

Es preciso salvar al país,

es preciso creer en Dios,

es preciso pagar las deudas,

es preciso comprar una radio,

es preciso olvidar a fulana.

 

Es preciso estudiar volapuk,

es preciso estar siempre beodo,

es preciso leer a Baudelaire,

es preciso coger las flores

de que rezan viejos autores.

 

Es preciso vivir con los hombres,

es preciso no asesinarlos,

es preciso tener manos pálidas

y anunciar El FIN DEL MUNDO.

 

 

Poema da Necessidade

 

É preciso casar João,

é preciso suportar Antônio,

é preciso odiar Melquíades,

é preciso substituir nós todos.

 

É preciso salvar o país,

é preciso crer em Deus,

é preciso pagar as dívidas,

é preciso comprar um rádio,

é preciso esquecer fulana.

 

É preciso estudar volapuque,

é preciso estar sempre bêbado,

é preciso ler Baudelaire,

é preciso colher as flores

de que rezam velhos autores.

 

É preciso viver com os homens,

é preciso não assassiná-los,

é preciso ter mãos pálidas

e anunciar O FIM DO MUNDO.

 

 

Carlos Drummond de Andrade. Sentimento do mundo. Pongetti, 1940. Traducción: Conrado Santamaría

Imagen: Tarsila do Amaral. O ovo (ou Urutu), 1928.

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